Consolidação do polo mineiro de piscicultura através da criação de peixes ornamentais

A piscicultura ornamental impulsiona o mercado pet na Zona da Mata mineira


Por: Elian Guimarães

A piscicultura ornamental está em ascensão na Zona da Mata mineira, que abriga o maior polo de produção de peixes ornamentais da América Latina. Com cerca de 80 famílias de produtores rurais envolvidas na atividade em Patrocínio do Muriaé, a região se destaca no mercado pet graças ao rápido retorno do investimento e à procura crescente por esses animais.

A facilidade de adquirir equipamentos como sistemas de filtragem, iluminação e aquecimento torna a criação de peixes ornamentais e a manutenção de lagos ornamentais uma tarefa simples no aquarismo. Os peixes ornamentais têm se tornado uma opção popular para pessoas que vivem em áreas urbanas e desejam animais de estimação com longevidade, silenciosos e sem produção de resíduos.

A atividade de piscicultura ornamental requer pouco investimento inicial, ocupa pouco espaço e demanda menos mão de obra em comparação a outros setores rurais. No entanto, é necessário possuir conhecimento técnico para lidar com esses organismos sensíveis. Gabriel Miranda Batista, médico-veterinário e presidente da Associação dos Aquicultores de Patrocínio de Muriaé e Barão do Monte Alto, destaca que a atividade oferece um retorno rápido do investimento em torno de cinco meses.

A escolha da origem dos peixes é fundamental para garantir a qualidade dos animais. É importante verificar se o criador ou o lojista possui registros e suporte adequado. Cuidar da água, parâmetros físico-químicos, pH e temperatura são os principais cuidados necessários para a criação de peixes ornamentais.

O mercado de peixes ornamentais oferece uma ampla variedade de espécies, sendo estimado que existam cerca de 6 mil variedades em todo o mundo. No Brasil, há aproximadamente 2 mil espécies liberadas pelos órgãos de vigilância e ambientais. Além disso, os melhoramentos genéticos geram um grande número de variações. No entanto, é importante ressaltar que quanto mais intenso o melhoramento genético, mais sensível o peixe se torna, exigindo cuidados especiais.

O mercado de peixes de água salgada ainda está em desenvolvimento, sendo que a produção de peixes de água doce é mais popular no Brasil. Em Minas Gerais, os peixes de corte têm sido consumidos principalmente por seu filé, mas um projeto de pesquisa da UFMG para melhoramento genético tem o objetivo de aumentar o consumo de pescado no estado.

De acordo com Ana Carolina Euler, diretora de aquacultura da Secretaria de Estado de Agricultura, Pecuária e Abastecimento de Minas Gerais (Seapa), a piscicultura é a atividade agropecuária que mais cresce no Brasil. A promoção da atividade tem sido uma prioridade do estado e há um convênio entre a Seapa e a Secretaria Especial de Agricultura Familiar de Desenvolvimento Agrário para a desburocratização do licenciamento ambiental aquático. O objetivo é apoiar a produção sustentável da piscicultura e ampliar a oferta de peixes ornamentais.

A piscicultura ornamental não apenas proporciona um elevado nível de qualidade do peixe para consumo humano, mas também contribui para a preservação da diversidade da fauna e para a geração de renda ao produtor rural. Existem três tipos de produção: extensivo, semi-intensivo e intensivo. O sistema intensivo é o mais produtivo, gerando 100 vezes mais peixes do que o sistema tradicional.

Minas Gerais ocupa o sexto lugar em produção de peixes para consumo no país, com destaque para a tilápia. A cidade de Morada Nova de Minas é o segundo maior produtor de tilápia do Brasil. Além disso, a utilização de diferentes partes do peixe, como a carne, o couro e os resíduos, gera oportunidades de negócios em diversos setores.

Fonte: Estado de Minas